TRIATLO - ASSOCIAÇÃO NAVAL AMORENSE em destaque na FPT
DESTAQUE DA QUINZENA: Associação Naval Amorense
No recente Triatlo de Quarteira, a Associação Naval Amorense levou 13 atletas a competir ao Algarve e parte deles ficou a pernoitar, com o treinador, na casa do pai de um dos atletas. “Ficava no retorno da corrida. Até conseguíamos acompanhar as provas pela janela”, afirma, entre risos, David Chéu Martins.
“Já fomos de véspera, numa carrinha, para o local da prova e pedimos aos bombeiros locais para nos deixarem ficar a dormir dentro do quartel em sacos de cama. Em seis anos de existência, só por uma vez pernoitámos numa residencial em Fátima, de duas estrelas. Foi um luxo”, continua, com o mesmo humor, o treinador e fundador do projeto de triatlo da Associação Naval Amorense, presidida por Rui Pinheiro.
“Somos um clube de bairro com grandeza”, afirma o responsável máximo da associação recreativa, que começou por ter vela, depois canoagem (onde atingiu resultados internacionais de relevo), natação (recém-promovida à I divisão nacional) e finalmentetriatlo, a modalidade mais recente do clube, mas a segunda já com maior número de praticantes. Em 2014 foram 43 os atletas inscritos na FTP.
“Em Alpiarça, na primeira etapa do Nacional de Clubes, ficámos em 7º lugar, mas eu costumo brincar com os meus atletas dizendo que fomos os primeiros, porque todas as equipas que ficaram à nossa frente têm atletas de seleções nacionais”, comenta David Chéu Martins.
Na Associação Naval Amorense não há dinheiro para ir buscar atletas a outros clubes. Todos são fruto da formação ou juntaram-se para experimentar ou por entusiasmo para com a modalidade, que tem poucos clubes na Margem Sul. Esta época, pela primeira vez, têm mais praticantes dos escalões absolutos do que das camadas jovens, faltando, no entanto, atraírem mais raparigas para a equipa: são só cinco!
Há dois anos, andaram pelos lugares cimeiros do Campeonato Nacional Jovem, terminando a época na quarta posição. Por seu turno, no triatlo longo, foram terceiros classificados em 2013 no Campeonato Nacional de Clubes, posição que querem manter ou melhorar na atual temporada.
Outros dos objetivos da época passa por conseguir entrar no top 8 do Campeonato Nacional de Clubes de Triatlo. E daqui a um ou dois anos, ter atletas nas seleções nacionais jovens.
“Somos um clube pequenino, mas com uma vontade enorme. Apostamos na qualidade, pois não temos, nesta altura, capacidade para crescer muito mais em número de atletas”, afirma o responsável técnico, que só agora conta com um diretor de secção, encarregue das questões logísticas. “É o pai de um dos nossos atletas, o senhor Rui Lopes”.
Mesmo com a baía do Seixal em frente, na humilde sede da Associação Naval Amorense, o trabalho é feito sempre em conjunto e é graças aos pais dos triatletas que se têm feito “verdadeiros milagres”, conforme dizem David Chéu Martins e Rui Pinheiro.
Patrocinadores que dêem dinheiro não existem, apenas o pagamento de mensalidades, que se mantêm a 30 euros desde 2009, ou iniciativas de angariação de fundos, como rifas, feiras de material usado ou workshops.“O que existe é uma grande disciplina e união. Os nossos pais são sempre os que gritam mais nas provas, e não só pelos seus filhos mas por todos os atletas do Amorense”.
Para Rui Pinheiro, o seu grande objetivo, enquanto presidente da associação, é ter cada vez mais jovens a praticar desporto e contribuir para a sua educação. “Os resultados vêm por acréscimo”, diz. “Temos conseguido que os nossos atletas entrem na faculdade e conciliem os estudos com os treinos”, afirma, por seu turno, David.
“Temos vindo a subir devagarinho, degrau a degrau, sem ninguém dar conta”, acrescenta, referindo, no entanto, orgulhoso, que o seu “bebé” – como chama ao projeto de triatlo do Amorense – foi pioneiro a alugar autocarros para ir para as provas. “Somos uma associação sem fins lucrativos. Tudo é para os atletas e a nossa gestão tem de ser muito cuidada, em função do pouco dinheiro que dispomos e daquilo que os pais podem pagar.”